Lugar de Mulher é na Liderança

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“O caminho mais rápido para mudar a sociedade é o de mobilizar as mulheres do mundo.” (Charles Malik)

Alexandra Baldeh Loras

LUGAR DE MULHER É NA LIDERANÇA

Imagine um mundo em que as mulheres ocupam a imensa maioria dos cargos de liderança e espaços de poder nas empresas. Imagine que elas recebem salários 30% maiores do que os de seus colegas homens pelo mesmo trabalho. E que os homens têm de responder perguntas pessoais em entrevistas de emprego, como se pretendem ter filhos em breve, por exemplo.Nesse mundo, a grande maioria das referências e dos grandes personagens históricos são mulheres. As revolucionárias, historiadoras, filósofas, inventoras, escritoras e até Deus é representado como uma mulher. Na mídia, o homem é sempre representado como aquele que cuida da casa e dos filhos – ou como um objeto sexual – e as mulheres são vistas como bem sucedidas no trabalho.

Se um homem é promovido, as colegas comentam que ele deve ter se envolvido sexualmente com a chefe para conquistar o novo cargo. E eles ouvem piadinhas e insinuações em reuniões de colegas e clientes mulheres. Não seria um mundo cruel? Pois esse é o mundo que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho. Para as mulheres negras a situação é ainda mais complexa, porque pesa sobre elas também o racismo e preconceito.
Exercício semelhante foi proposto pela cineasta francesa Eléonore Pourriat no curta metragem “Majorité Opprimée” (“Maioria Oprimida”) para denunciar o machismo presente em nosso dia a dia. O filme retrata um mundo ao contrário, sexista e dominado por mulheres, em que os homens sofrem assédio, abusos e desrespeito. Claro que não é esse o mundo que queremos, mas serve como reflexão para enxergarmos o quanto nossa sociedade ainda é desigual.
As mulheres são minoria nos cargos de diretoria, ainda que sejam maioria da população e de  formadas nas universidades, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em um país onde 51,4% da população é de mulheres, é chocante que nas empresas brasileiras apenas 6% dos cargos em boards executivos sejam ocupados por elas. Isso porque elas têm cada vez mais boa formação, mas encontram muitas portas fechadas para ascender nas empresas.
Eu passei por isso quando entrei na Sciences Po, a mais importante escola de Ciências Políticas da França.

Foi uma luta contra minha própria voz, que me dizia que eu não seria capaz, por ser mulher e negra, de conquistar aquele espaço. Mas a verdade é que cada um de nós é capaz, cada um de nós é cheio de talentos, cheio de potenciais enormes que precisam ser revelados. As mulheres são capazes de conquistas incríveis e nossa sociedade precisa dar chances a elas.
Para isso, precisamos mudar a narrativa dos desenhos animados e das novelas, quebrar os clichês e inserir imagens sobre o tipo de sociedade que queremos ver de verdade. Situações que mostram o pai levando as crianças na escola e a mãe tendo uma posição de destaque como, por exemplo, uma juíza no tribunal. Temos que quebrar a hiper sexualização da mulher e a inferioridade velada de que somos inferiores intelectualmente. As mulheres têm poder de compra e decisão sobre a maioria dos produtos que uma família consome, então é ótimo para as corporações que elas estejam representadas em suas equipes. Meu desejo é ver 52% de mulheres nos boards executivos das empresas para termos uma sociedade mais justa. Precisamos sair da formatação da sociedade e dar chances aos talentos de tantas mulheres que podem fazer a diferença nas empresas e nos espaços de decisão e poder.

“Dez anos atrás, me sentia insegura em entrar em lojas chiques. Tinha a sensação de que seria tratada como a Júlia Roberts, em Pretty Woman. Foi então que conheci uma mulher que me levou a circular na elite. Ela se mostrava sempre carismática e era muito querida por todos. Perguntei À ela como fazia para se sentir tão à vontade e foi, então, que ela me deu a lição mais preciosa de minha vida: “Me coloco como se fosse a proprietária de cada lugar que visito. Não a proprietária soberba, mas a que trata todos com carinho e respeito porque quero que voltem sempre. Busco emanar uma luz, irradiar bem-estar.” E então, ela completou: “Se podemos crer que não fazemos parte, também podemos crer que fazemos. Você prefere crer no melhor ou no pior do seu potencial?”. Daí por diante, mantive a mesma postura e foi o que mudou minha vida.” (Alexandra Loras)
Seu objetivo é mostrar as mulheres e aos jovens de todas as classes como, mesmo tendo nascido no pior gueto de Paris, conquistou todo o prestígio que tem hoje.

Alexandra Baldeh Loras é mestrada em Gestão de Mídia pela Sciences Po, influenciadora, empresária, consultora de empresas, autora e palestrante em raça, gênero e diversidade. Trabalha com líderes empresariais para criar um clima mais equilibrado nas organizações, onde a conscientização sobre diversidade de gênero e de raça é tão importante quanto a prosperidade do negócio.

Em Racismo Gourmet, você vai encontrar várias das provocações e questionamentos de Alexandra Loras, bela mulher negra, ex-consulesa da França em São Paulo, que conquistou a elite e a mídia brasileiras em menos de dois anos. 
Ela escreve um blog sobre dignidade negra
www.alexandraloras.com
www.facebook.com/alexandrabloras e é ex-consulesa da França em São Paulo.

Alexandra Loras

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Fotos Antonio Dantas -jornalista e fotografo.