O que esperar do segundo semestre ….Brasil !

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O que esperar do segundo semestre II”

João Telles Corrêa Filho Telles Corrêa Filho

Jo?o Telles -Consultoria Empresarial

Escrevi, neste mesmo espaço, que o Governo havia saído do imobilismo ao lançar um pacote, ainda que modesto, de concessões para a infra-estrutura. A iniciativa pretendia ter o condão de fazer com que empresários e investidores iniciassem alguns movimentos na direção da recuperação econômica brasileira e o Executivo esperava com isso deter o pessimismo e o movimento de crescimento do desemprego que já se fortalecia como nunca nos últimos sete anos. Na minha ingenuidade (ou num inesperado surto de otimismo e esperança), acreditei que o Brasil sairia da defensiva e partiria cautelosamente para um contra-ataque que derrotasse a letargia e o conformismo dominantes desde a posse de Dilma Rousseff em primeiro de janeiro.

Para surpresa de poucos, algumas semanas após o Presidente da Câmara, Deputado Eduardo Cunha, foi a público declarar-se na oposição e anunciar a instalação de pelo menos duas “CPI’s bomba” com o indisfarçável propósito de atormentar o Executivo, inviabilizar o ajuste fiscal e, com isso, criar uma pauta de notícias que desvie a atenção do público das encrencas que tem com a Polícia Federal e a Justiça. O Deputado, dono de grande capacidade de articulação e de comunicação possui enorme potencial para causar estragos e, sem dúvida, o fará para ganhar tempo para sua defesa. Muitos analistas acreditam que todo este esforço será inútil mas, mesmo que seja assim, o mal já está feito –as notícias seguem na mesma direção do índice da Bolsa de Valores.

Como se isso não bastasse, uma semana depois os Ministros da Fazenda e do Planejamento vieram a público anunciar que a meta de superávit fiscal foi virtualmente abandonada, jogando uma ducha de água gelada sobre aqueles que esperavam algo entre 6 e 12 meses de sacrifícios para uma posterior retomada. Com a derrota de Joaquim Levy, os mercados passaram imediatamente a precificar a perda do grau de investimento, arrastando a Bolsa para baixo e catapultando o dólar para a maior cotação desde a grande crise de 2008.

Como os ambientes político e econômico se deterioraram acentuadamente, é necessário reavaliar as perspectivas econômicas para os próximos meses, mesmo que isso esteja ficando cada vez mais difícil em nosso país. Numa primeira avaliação podemos esperar que:

Os juros vão continuar em trajetória de crescimento dado que a relação dívida/PIB vai subir e, com ela, a percepção de risco que os grandes investidores têm do Brasil. Isso provoca um círculo vicioso, pois mais juros aumentam a dívida e vice-versa.

O Real deverá se desvalorizar frente às moedas fortes o que, por um lado é bom para as exportações, mas por outro pressiona ainda mais a inflação e exige maior rigor da política monetária (mais juros).

O risco da perda do grau de investimento tornou-se sensivelmente mais concreto e, caso se materialize, provocará nova alta do dólar e dos juros.

A aprovação do que restou do ajuste fiscal será cada vez mais penosa – o governo perde popularidade e apoio na mesma velocidade da queda da bolsa.

A recessão tende a se prolongar por todo ano de 2016.

Políticos (alguns oposicionistas e outros oportunistas) continuarão a chantagear o Governo com o fantasma do impeachment, criando mais e mais dificuldades para vender facilidades.

O Ministro Levy poderá deixar o governo já que não conseguiu implantar as medidas que defende e dificilmente se sujeitará a cumprir o mesmo papel desempenhado por Guido Mantega. Esta seria a pá de cal sobre o que resta da credibilidade do País.

Com a gigantesca participação do estado na economia, as reformas exaustivamente apontadas por todos de bom senso vão continuar na fila (basta ver o que resultou da reforma política patrocinada por Eduardo Cunha) e medidas absurdas como o fim do fator previdenciário vão continuar brotando na grande Horta Brasil.

Nesse meio tempo, como devemos esperar pelo melhor e nos preparar para o pior, é fundamental que as empresas tomem algumas providências de curto e médio prazo, dentre as quais destacam-se:

Reduzir a alavancagem o máximo que for possível.

Contratar operações de hedge cambial.

Rever o planejamento para os próximos 24 meses, direcionando os investimentos para projetos de simplificação de processos, aumento da produtividade e redução de custos. A produção de saldos de caixa passa a ser a prioridade número um de qualquer organização.

Retirar da linha de produção produtos e serviços que não tenham rentabilidade garantida: não é hora para apostas.

Apertar a política de concessão de crédito aos clientes e aprimorar ao máximo os controles de rentabilidade de produtos e clientes. Atrasos e inadimplência não poderão ser tolerados neste período

Medidas como estas são fundamentais para tempos difíceis e, se bem projetadas e implantadas, tornar-se-ão práticas saudáveis e rotineiras no futuro.

* João Telles Corrêa Filho é engenheiro e consultor empresarial.

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